O RETRATO
Arlene Miranda
Olhar parado na velha moldura,
Lembrança de quem foi um grande amante.
Conserva, ainda, a mesma candura
E o brilho na pupila rutilante.
Os doces sonhos que deixou pra trás
Ardem na brasa de extremos fulgores,
Mesmo que dele já não restem mais
Lembranças vivas de velhos amores.
Igual a mim, que morro lentamente,
Qual anciã que vem perdendo o viço,
Em silêncio se impõe ali na sala...
Qual assassino que matou o tempo,
Jamais há de matar minhas lembranças,
Nem o ardor das minhas esperanças.
Copyright © 2011 by Arlene Miranda
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