"Inapelavelmente, há que se valorizar a palavra, na sua mais elementar forma, como na essência da perfeição do seu significado. Revigorá-la é um imperativo. Com o júbilo da coragem e do amor.
A palavra emerge. Viva. Desentranhada dos pensares de quem faz poesia. (Cavalcanti Barros)

"A poesia é a música da alma e, sobretudo, de almas grandes e sentimentais". (Voltaire)

"A poesia está mais próxima da verdade vital do que a história". (Platão)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Reencontro

José Alberto Costa





Trouxe a maria-fumaça,
chegando resfolegante,
o passado que me abraça
emocionado, ofegante.

Rompendo minha couraça,
cada vez mais fraquejante,
rendeu-me a força da graça
do seu olhar fascinante

que encheu de claridade
as brumas do amanhecer,
fazendo, enfim, renascer

os sonhos da mocidade,
que procurava esquecer,
pra nunca mais reviver.


Copyright © 2010 by José Alberto Costa
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Na tarde que morria...

Valderez de Barros





Na sombra suave
Daquela tarde
Que morria langorosa,
Procurei-te, esperançosa,
Louca de amor,
Pra te entregar
Meu coração...
Mas, não vieste!


Desesperada,
Chorei a tua ausência
Em tristes ais.
Percebi, então,
Que seguíamos
Por caminhos desiguais...
E me senti vazia,
Desarraigada de mim...


Copyright © 2010 by Valderez de Barros
All rights reserved.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Desgosto

Dydha Lyra



Foste tu, um dia,
a luz do meu amanhecer!
Agora,
morbidade na ausência em desalinho,
qual pássaro sombrio.

Sem afeto, nem carinho,
roubaste de mim
meu sorriso,
minha alegria.

No brilho da luz do meu olhar,
puseste a noite, onde era dia.
E nem percebeste que eu,
pouco a pouco,
sem ti,
morria...

No vácuo instigante
do vazio de tuas mãos,
que a mim acarinhavam,
com desvelo, fervor e emoção,
abri uma janela,
só pra te ver passar...

E tu
(braços dados com a indiferença),
rindo à toa de quem tanto te amou,
até mesmo com a devoção de um louco,
que pressente em tudo um adeus,
e que assim, por tão pouco,
prova no mel
o gosto do fel.
Oh, asco desgosto!


Copyright © 2010 by Dydha Lyra
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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Sorriso apagado

Valderez de Barros






Mais um dia se passou...
Mais uma noite de solidão,
Mais uma lembrança,
Uma saudade...

Mais ilusões perdidas, na minha desesperança...
Mais um acorde daquela música distante,
Que me lembra momentos que talvez
Eu não volte mais a viver...

Mais uma nuvem a entristecer meus olhos,
Mais um sonho que se desvanece
Na sombra escura da madrugada,
Deixando um gosto amargo em minha boca...

Mais uma dor atravessando meu peito,
Que busca uma luz no final do caminho,
Uma luz tênue, quase apagada,
Por uma longa e dolorosa espera...

Mais uma lágrima sentida
Sulcando meu rosto,
Onde meu sorriso
Fica cada vez mais apagado...


Copyright © 2010 By Valderez de Barros
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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Espera sob teto urgente

Cavalcanti Barros





Fios de chuva,
cortina de cristais líquidos.
Composição cúmplice
da espera improvisada.
Biqueira antiga
foi teto urgente
para ver passagem
da tua passagem.

Passaram por mim os felizes:
os mendigos,
os ébrios,
os cães sem dono,
e os sem lar
(os sem patrimônio sentimental).

Até a chuva passou, de leve,
indiferente.

De sob meu teto urgente,
só não vi passar
a tua passagem.


Copyright © 2010 by Cavalcanti Barros
All rights reserved.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Ilusões de amor

Valderez de Barros




A emoção, num sonho,
Veio brincar com meu coração,
Fantasiando momentos desejados,
Trazendo-me o cheiro gostoso do teu corpo,
Do amor pedindo pra ser saciado.

A emoção veio e me enganou,
Quando, na ilusão de estar contigo,
Perdi-me por instantes de mim,
Envolvendo-me em ardentes carícias,
No meu alucinado sonho de amor.

E de repente, voltei à realidade...
Sozinha, amargando frustrações,
Encolhendo meu corpo,
Abraçando-me, soluçando,
No amargor de estar só.


Copyright © set/2010 by Valderez de Barros
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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Ode ao vinho

Lou Correia






Seja ele branco, rosé , ou tinto,
ao degustá-lo, o faço com prazer,
entorpece minhas ausências, sinto
libertar-me desse louco sofrer.

A taça de cabernet sauvignon,
canção ecoa em peito tão doído,
nos acordes de um bandoneón
embriagam meu coração sofrido.

O vinho é, pois, mágica bebida
que degusto, sim, pelas madrugadas,
afugentado dores de minh’alma.

Nesta ode ao vinho, um brinde à vida!
Apraz-me o seco, uvas maceradas,
d’um bouquet saboroso que me acalma.


Copyright © 2010 by Lou Correia
All rights reserved.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Pobre menina triste


Musa do amor, estátua seminua,
Não consegue esconder o sofrimento,
A cada olhar, su’alma se extenua,
Envolta em tormento e em lamento.

Se oferecendo no salão festivo,
Ao primeiro freguês a cortejá-la,
Quer esquivar-se desse amor furtivo,
Mas o tirano passa a dominá-la.

Sem sentir, envelhece pouco a pouco,
Entregue aos caprichos desse louco,
Carrega vida afora a sua sina.

E assim vai vivendo, amargurada,
Nas esquinas da vida, assustada,
Pois, no, fundo, é apenas uma menina.

Copyright © 2010 by Arlene Miranda
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sábado, 2 de outubro de 2010

Altar azul

José Alberto Costa


Santuário Dom Bosco - Brasília DF / Photo By Lou Correia

O azul do santuário
só nos leva a meditar
um convite pra orar
a qualquer hora do dia,
esquecer tudo lá fora:
a ganância, a violência,
rezar e pedir clemência
à nossa Virgem Maria.

Copyright © 2010 by José Alberto Costa
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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A morte da árvore

José Alberto Costa




Em noite de verão
a árvore tombou,
agonizou,
morreu sozinha,
silenciosamente,
deixando a paisagem urbana
mais deserta.

A lua cheia,
Impassível,
olhava tudo,
acompanhando
a agonia daquela
que foi sombra,
foi abrigo,
chegando ao fim
sem lamentos,
sem culpas.
Noite seguinte,
a lua enternecida,
olhava
a rua mais vazia ainda.


Copyright © 2010 by José Alberto Costa
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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Lamento de quem ama

Arlene Miranda






Guardo de ti, perdida, uma saudade
De teus olhos, por certo, não esqueço.
Esta distância é mais que infinidade,
É u’a dor que por certo não mereço.

Que voltarás, eu sei, hás de voltar,
A procurar o afago dos meus braços.
Um abrigo, na certa, hás de encontrar:
Aconchego e carinho em meu regaço.

Todo esse tempo que julguei perdido,
Na esperança de um amor dorido,
É chama que aquece o peito amante.

O verso triste que minha voz declama,
É o lamento sofrido de quem ama,
Grito de alguém que espera a todo instante.



Copyright © 2010 by Arlene Miranda
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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Que amor é esse?

Lys Carvalho




Não sei que amor é esse
que me deixa ansiosa e carente,
sempre à tua espera, na esperança
d’uma palavra amiga e carinhosa.

Não sei que amor é esse,
cujo silêncio transforma-me,
nos momentos de solidão,
nos meus sonhos evasivos.

Não sei que amor é esse,
que se perde com o passar do tempo,
que deixa sangrar um coração
que pulsa forte e acelerado.

Não, não sei que amor é esse,
que me deixa enlouquecida com a dor
de uma saudade infinita e pululante ,
que punge todo meu ser e minh’alma.


Copyright © 2010 by Lys Carvalho
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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Tempestade

Lou Correia


Poetrix


Remo contra um mar revolto,
luto para não me afogar,
sob impiedosas ondas de solidão.

Copyright © 2010 by Lou Correia
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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Rio Canhoto II

Dydha Lyra




Calmo estás agora,
meu Rio Canhoto,
e de ti já não tenho medo.

Sabes, meu rio,
dia desses,
sob um céu plúmbeo e friorento,
saíste de tua habitual placidez.

E, assim como nós humanos,
quando tomados de cólera e desatinos,
cometeste inconsequentes temeridades,
arrastando, de um jeito torpe e incônscio,
tudo que obstruía
teu caminhar de rio...

E mostraste o quão forte és.
Deste-nos a certeza
de teu temperamento cíclico
e incognoscíveis momentos.

Ademais,
não te condeno, meu rio,
também sou assim...
Quando foste agredido em teu leito maior,
assoreado pela ganância descomedida do progresso,
devolveste com a mesma moeda,
e revelaste a face quase desconhecida,
ou esquecida,
de tua indignação,
ao longo de todos esses anos.

Tu,
assim como eu, meu rio,
quantas e tantas vezes nos reprimimos,
ao sermos envilecidos em nossos mais primitivos
desejos de liberdade...

Transformamo-nos, então,
e ficamos, destarte,
transfigurados,
a cometer
os mais incoerentes desvarios...

(São próprias da natureza humana
essas singularidades.)

Por tudo isso,
recebas, meu rio,
minha compaixão,
e me aconchegues outra vez no teu leito,
sobre tuas pedras mornas,
que exalam de tuas fendas musguentas
um hálito ainda matinal,
atenuado no entardecer
lânguido,
lajense.

Sou, pois,
teu irmão,
teu viço,
teu remoinho,
tua tiborna;
teu espírito cristalizado
reluzente sob o sol
e sobre as pedras,
de dualismo transparente
nos olhos d’agua da mãe serra;

ou, simplesmente,
redemoinho barrento,
turvo,
impenetrável,
na tua infatigável
ira de ser.

Copyright © 2010 by Dydha Lyra
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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Eu sou a vida

Cavalcanti Barros




Não se enganem, sou a Vida.
Magicamente contida
num corpo que Deus me deu.
Tudo simples, sem mistério:
corpo morre. Cemitério.
Vida não morre. Sou eu.

Copyright © 2010 by Cavalcanti Barros
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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Tributo ao meu viver

Arlene Miranda





A vida, para mim – hão de saber –
É u’a jornada posta em dor e gozo.
Rendendo um tributo ao meu viver,
Vou seguindo cansada e sem repouso.

Porém, mesmo envolvida em desengano,
Persisto em sorver o bem precioso.
Todos os meus erros, todos os meus enganos,
Não afetaram em mim tudo o que ouso.

E no momento em que a velhice avança,
E de mim se aproxima a dura morte,
Entrego-me ao meu fim, enternecida,

Agradeço os meus dias de bonança
Enaltecendo, enfim, a grande sorte
Duma longa existência percorrida.


Copyright © 2010 by Arlene Miranda
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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Luar sobre Pajuçara

José Alberto Costa





Começo de noite,
praia de Pajuçara.
Olhos na lua cheia
que vinha nascendo
bem devagar,
preguiçosamente,
deixando um rastro prateado
no espelho morno
da água salgada,
uma longa estrada
do horizonte aos meus pés,
porto das ondas
que chegavam cansadas
e morriam lentamente.
Distante, muito distante,
o cantar triste
da senhora das águas,
chorando seus amores
perdidos no mar.


Copyright © 2010 by José Alberto Costa
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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Delírio de amor

Lys Carvalho






Pousar meus lábios nos teus,
à procura de tu’alma.
Sem pressa, buscar o paraíso!

Juntar meu corpo ao teu,
entregando-me aos teus desejos...
Esquecer o passado e velhos amores,
viver contigo novas emoções.

Vem! Te faças meu,
ouve o pulsar de nossos corações,
saciemos nossos lindos e infinitos desejos...
Quero-te, minha vida,
minh’alma a ti já entreguei!


Copyright ©2010 by Lys Carvalho
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segunda-feira, 26 de julho de 2010

Sublime momento

Valderez de Barros




Era primavera, estou bem lembrada ainda,
Quando passeamos numa praça florida,
Colheste uma flor, a mais bela e colorida,
Prendendo em meus cabelos, com ternura infinda.

Jamais esquecerei tão sublime momento,
De pura beleza, leveza e encantamento.
Tu olhavas pra mim com infinita ternura...
E eu não cabia em mim, com tamanha ventura.

Anos passaram...a vida nos separou.
Inexplicavelmente, é assim que acontece.
Como tanto amor arrefeceu, se acabou...?

Mas, a tua imagem linda sempre aparece,
Um pouco esmaecida, nas minhas lembranças,
Onde a saudade de ti, ainda permanece.

Copyright 2010 by Valderez de Barros
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sexta-feira, 23 de julho de 2010

Deus

Lou Correia




Na imensidão deste universo exalto
a grande perfeição do seu autor:
olho a terra, olho o mar, quanto esplendor,
envoltos por um céu azul bem alto!

Contemplo a aurora, ressurgir candente,
a iluminar o mais distante monte.
Contemplo ainda aquela doce fonte,
que vai formando o rio tão dolente.

Assim, também, contemplo a natureza!
Feita em jardim com todos os matizes,
num misto de perfume e de beleza,

sem confundir a tudo quanto alude,
no alvorecer de dias mais felizes,
tudo isso é Deus, na Sua plenitude!

Copyright © 2010 by Lou Correia
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segunda-feira, 12 de julho de 2010

O voo das andorinhas

Arlene Miranda




Em voos magistrais, cortando os ares,
De lá pra cá, voejam as andorinhas,
Apoiadas nas folhas dos palmares,
Lindo balé exibem as avezinhas.

Cruzando os céus em voos juvenis,
Passam encantando, em bandos, as paragens.
Pelo mundo esvoaçam em voo feliz
E emolduram, com graça, as paisagens.

As asas soltas, ao sabor do vento,
Transmitem ao meu olhar encantamento,
Cobrindo as tardes com trinados seus.

Compõem sobre os mares verdejantes
E o mistério das águas espumantes,
Belos poemas em louvor a Deus.

Copyright © by Arlene Miranda
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quarta-feira, 7 de julho de 2010

Indignação

Cavalcanti Barros






Eu sinto a vida; logo, estou presente
no imenso Cosmo em que meu Ser se atrela.
Micro-luz de uma Estrela reluzente
ou de outra fonte menos luz que ela.

Em meu Planeta, eu sou um Ser vivente
capaz de amar a Natureza bela.
Dos outros animais, sou diferente,
pois sei avaliar os frutos dela.

No entanto esbarro numa indignação:
- se amar é verbo de sublime ação,
por que mergulho numa atroz vileza?

E se eu amo, por que dissimular?
Ceder ao crime e então me transformar
no maior predador da Natureza?

Copyright © 2010 by Cavalcanti Barros
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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Passeio com meu pai

José Alberto Costa




Sonhei que meu pai
me levava a passear,
por campos diferentes
daqueles que percorríamos,
em nossa terra de muito sol.
Local frio, de luz mortiça,
um entardecer parado no tempo,
que não deixava a noite chegar.

Eu muito pequeno, ele muito grande
como sempre me pareceu a vida inteira.
Grande na estatura, nas atitudes.
Eu, um pigmeu que mal conseguia
acompanhar seu passos firmes.

Só o chapinhar das nossas botas,
sobre a relva úmida, quebrava
o silêncio daquele momento.
Pensamentos sincrônicos
substituíam palavras
e os ensinamentos
iam diretos ao coração.
Passei a admirá-lo ainda mais.
Quando sumiu, senti-me abandonado
na fria solidão de um vazio imenso,
sem o calor de sua presença.
Acordei criança perdida,
de olhos úmidos, buscando o pai.


Copyright © 2010 by José Alberto Costa
All rights reserved.

Evidências

Sandredy Marzo





Já dei pulos de alegria,
já corri atrás de borboletas,
já deixei correr a solta fantasia,
dançando ao som de uma trombeta...

Já subi a mais alta das montanhas,
neste meu imaginário categórico:
colhi estrelas, lua cheia... mil façanhas,
mas, não pulei do trenzinho alegórico.

Hoje, sou apenas um outono de evidências,
no entanto, sou forte e leve ao mesmo tempo.
Me sufoca este mundo de incertezas,
me apoia o teu olhar,
quando me lembro.


Copyright © 2010 by Sandredy Marzo
All rights reserved.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Sonata ao desejo em tom maior

Lou Correia





Noite escura, quente, abafada.
Meio às paredes cheias de mormaço,
palavras roucas presas na garganta,
cansada, tento adormecer,
livrar-me de tanto cansaço.

Olhos semicerrados,
esperando o sono chegar...

Na densa escuridão, miragens:
fagulhas de paixão bailam sobre mim,
incendeiam meu corpo,
(qual fogueira de desejo);
impiedosas me consomem,
coreografando sensações em ebulição.
Meus lábios, frementes, sedentos,
sentem o gosto de teu beijo...

Ah, é sempre desse jeito, sempre!
Tudo se repete, tudo,
(parece até um castigo).
Uma vez mais essa chama ardente
invade-me,
incendeia-me,
queima-me toda, assim,
sempre assim,
toda vez que sonho contigo!

Copyright © 2010 by Lou Correia
All rights reserved.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Anonímia

Dydha Lyra


Photo Copyright © by Angélica Lyra

Esse cheiro verde... de lembranças
embaçadas de manhãs lajenses,
desperta a memória sonolenta.

Pedras, enlodadas de Rio Canhoto,
formam um colar musguento de pérolas verdes,
na cabeceira do meu buliçoso rio,
que segue alegre, saltitante, cantando...

Uma brisa fria te acaricia
e norteia teu caminhar
em busca do oceano...
onde, com certeza,
morrerás anonimamente.

E eu, meu rio,
se não te encontro em meu leito,
(nessas horas em que me invades e me tomas),
morro encharcado,
no pântano movediço das lembranças,
que em mim se fez,
desde o alvorecer.

Copyright © 2010 by Dydha Lyra
All rights reserved.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A bebida do amor

Valderez de Barros






Às vezes, quando me sinto
Solitária, desesperançada,
Procuro, numa taça de vinho,
Desabafar minha alma sofrida.

Entontecida e entorpecida,
Vislumbro, numa névoa,
Tua boca, que me convida
A um apaixonado beijo.

O vinho, a bebida do amor,
Desperta meus desejos mais íntimos,
Envolve meus pensamentos
Numa nuvem de prazerosa ilusão...

Fazendo com que eu me sinta,
Numa espécie de magia,
A mulher ardente e lasciva,
Que eu já fui um dia...

...E viajo nesse sonho louco,
Porém de uma doçura inebriante,
Que traz pra pertinho de mim
O meu imaginário amor.

Copyright © 2010 by Valderez de Barros
All rights reserved.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Exaltação ao vinho

Arlene Miranda
*Soneto classificado com Menção Honrosa, dentre as 70 produções poéticas inscritas, no 1º Concurso Vinho & Poesia, realizado pela Comercial Vinho & Poesia e a APROVALE -Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos(RS), e divulgado no Filó italiano, realizado no Hotel Villa Michelon, no Dia Estadual da Poesia.



Para afastar a dor eu bebo vinho,
Aquele tinto de buquê suave,
Entre os lençóis de seda em desalinho,
Me vem direto de longínqua cave.

Companhia melhor não pode haver
Que a fina taça de um sagrado vinho.
Brindando à vida até o alvorecer
Põe borbulhas de amor em meu caminho.

Com o delicado vinho eu brindo então
O amor que sinto em minha solidão.
E exalo, assim, o odor de mil florais.

Me embriago, sem dor nem nostalgia,
E me perco em sublime fantasia,
Lembrando os meus amores desiguais.

Copyright © 2010 by Arlene Miranda
All rights reserved.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Fantasma

Lys Carvalho



Tu somes no nevoeiro de uma tarde fria,
como um passarinho volta para o ninho.
E eu, entristecida, não consigo esquecer
tuas juras de um amor puro, nas tardes
frias e nebulosas dos nossos momentos.

O tempo não apagou a dor nem a saudade.
Em cada momento,
um desejo irresistível de que voltes.
Aquela imagem do teu retrato na parede
enlouquece-me, deixando viva tua presença.

Quantas lembranças ainda resistem,
nas desilusões de um tempo ido.
Mas, a saudade teima em relembrar,
como se nunca adormecesse.

Desperta-me da nostalgia
que assombra meus dias e minhas noites,
como um fantasma vivo e impertinente.
Faze meu coração sorrir.

Copyright © 2010 by Lys Carvalho
All rights reserved.

domingo, 30 de maio de 2010

Soneto "Flor de Laranjeira"

Cavalcanti Barros



Num álbum de sonetos vi pedaços,
pedaços bem diversos de outras vidas.
Vi almas suspirando doloridas,
e de amarguras vi profundos traços.

Em cada página encontrei, esparsos,
doridos corações, almas doridas,
amor, paixão, saudades incontidas,
anseios, beijos, dor, sonhos e abraços.

E nessa singular promiscuidade,
senti, silente, a dor duma saudade.
Outras dores iguais também senti,

Como se fosse um espelho desta vida,
eu vi minh'alma, inteira, refletida
naqueles versos que em suspiros li.

Copyright © by Cavalcanti Barros
All rights reserved.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Deixa que eu te ame!

Valderez de Barros






Deixa-me te amar
Do jeito que eu quiser...!
Deixa-me dizer da minha ventura,
Do bem que me fazes, do meu querer...!

Deixa-me derramar sobre ti
Toda a minha paixão,
Todo esse fogo que arde
E incendeia meu coração...!

Deixa-me sussurrar ao teu ouvido,
Todas as loucas palavras de amor
Que saem, ardentes, da minha boca,
Roçando tua pele com volúpia e langor...!

Deixa-me abraçar teu corpo,
Com o meu amor te seduzir,
Te tomar inteiro e penetrar tu'alma,
Nessa ânsia louca que tenho de ti...!

Ah, Deixa que eu te ame...!

Copyright © 2009 by Valderez de Barros
All rights reserved.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Nossa caminhada

Arlene Miranda





Ambos, já bem velhinhos, com passos lentos,
Sempre fiéis ao nosso juramento,
Dois corações cheios de amor, sedentos,
De ternura, de paz e encantamento.

Embora o desejo esteja escasso,
Inda vemos a nuvem que flutua,
No aconchego suave dos teus braços,
Relembro a linda noite em que fui tua.

Assim, unidos por amor supremo,
Que o destino inquebrantável trouxe,
Por distantes caminhos seguiremos,

Vencendo agruras, removendo espinhos,
Como se o estorvo desta vida fosse
O mais risonho de todos os caminhos.

Copyright © 2010 by Arlene Miranda
All rights reserved.

sábado, 15 de maio de 2010

Ode à luz

José Alberto Costa



Amanhecer na Polinésia Francesa

O mar
vestiu-se do azul
do céu
para ver o sol
nascer,
com seus fulgurantes
raios de dourada luz.

O dia
se fez mais belo:
pôs azul nas vestes,
dourado nos cabelos
e sorriu feliz,
naquela profusão de cores
da manhã radiosa,
só para te ver
despertar.

Copyright © 2010 by José Alberto Costa
All rights reserved.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Lição

Dydha Lyra





Atmosfera de éter,
um quarto em penumbra.
Imagens fantasmagóricas se esboçam,
na mente e na parede;
e ofegantes, irônicas,
por um instante, riem de mim...

E se fantasiam de glicemia, febre,
pressão arterial, arritmia...
invandindo-me os minutos, horas e dias,
como se não me bastasse viver,
ou sonhar com o amanhã...

Levanto-me e espio pelas frestas da janela:
à luz dos meus olhos
uma árvore velha, moribunda,
que como eu, também, insiste em viver.

Seus galhos, semissecos, semivivos,
me ensinam uma grande lição:
dobram-se, quando uma ave pesada pousa
e descansa, aleatoriamente, sobre si,
alçando voo, logo ao alvorecer ...

E o galhinho fraco,
(que não se deixou abater),
volta à sua postura natural.

Entendi, afinal,
que essa dor,
que ora me invade e maltrata,
também logo passará,
tal o passarinho que voou...

E a vida,
qual galho débil,
renovar-se-á,
trazendo-me, com a esperança,
a certeza de novos amanhãs!

Copyright © 2010 by Dydha Lyra
All rights reserved.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Teu beijo

Sandredy Marzo





Teu beijo me entorpece,
me embriaga, me entontece.
Inebria e acorda
meus desejos, fantasias.

Teu beijo me acena
para um mundo colorido
de pipas singrando os céus,
de pássaros voltando ao ninho.

Teu beijo me traz o frescor
das belezas da manhã e do entardecer.
Me traz fervor, me traz vontade
de em teus braços me perder.

Copyright 2010 by Sandredy Marzo
All rights reserved.

sábado, 1 de maio de 2010

Busca

José Alberto Costa




Da singeleza
da tosca janela,
meu olhar felino
se perde na amplidão
do verde-mar sem fim,
procurando à-toa
mítica imagem
de sereia nórdica,
que povoa sonhos...

Alongo olhares,
mas na tarde finda,
só encontro o brilho
da lua nascente
rasgando o horizonte,
querendo partilhar
dessa busca insana,
um farol alumiando
nautas perdidos
na escuridão da noite.
Não vou cansar,
nem desistir
dessa procura infinita...

Copyright 2010 © by José Alberto Costa
All rights reserved.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Ode ao prazer

Lou Correia

Paisagem potiguar by Charlinhos Paris

Na loucura do sonho,
acerco-me de ti
que se me apresentas
pleno de perigo,
em vasto precipício...

Alucinada, cheia de desejos,
atiro-me em teus braços
que me prendem por inteiro,
caio num despenhadeiro
de indizíveis sensações...

Anseio-te há anos luz de solidão,
(e mesmo e só em sonho),
percorro-te os tortuosos caminhos,
busco-te em mágicos atalhos
que me levem ao canyon do teu corpo.

Embriagada,
à mercê dos lampejos de excitação,
sinto teus carinhos adentrarem-me a pele,
nesse mar de emoções em erupção...

Meu coração desembesta acelerado,
meu sangue quente se agita,
e corre e fervilha e queima,
o prazer, afinal, explode
feito lava de vulcão!

Copyright © 2010 by Lou Correia
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domingo, 25 de abril de 2010

Lençóis azuis

Dydha Lyra





Teu corpo adormece
na morosa languidez da carne...
E te vejo assim,
no desalinho de lençóis azuis
que acarinham e encobrem
teu ventre de pucela desnuda!

Ah, como te gosto,
como te quero!

Roubarei, com delicadeza e prazer
para que não despertes,
essa luz que se inclina sobre ti,
sem precisar sequer
fragmentar o moribundo
entardecer que já se debruça,
depois de assoalhado
na janela da paixão...

Imaculado de ânsias incontidas,
o silêncio se quebra
no fremir dos lábios que se encontram...
Línguas mornas, ofegantes,
inquietas e antropofágicas
bailam com frenesi no céu de tua boca,
no gran finale
da sinfonia
carnal do desejo!

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Eterno sonhador

Arlene Miranda




Quero ser um eterno sonhador
Cantar a vida e declamar poesia.
Exaltar a beleza e o amor,
Sentir a emoção que extasia.

Do versejar tornar-me o portador,
Declamar com ardor e alegria.
Criar novas imagens com fervor
À luz duma saudade fugidia.

Que do meu versejar eu sempre cuide,
Buscando o apogeu e a plenitude
Que vibram em mim solenes e dispersos...

Empresto ao meu olhar fulgor vibrante
E o enlevo que sinto nesse instante,
Na exaltação suprema dos meus versos.


Copyright © 2010 by Arlene Miranda
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sábado, 17 de abril de 2010

Livre para amar

Valderez de Barros



Dispo-me de mágoas e desencantos,
De amores podadores, de opressões,
De tristes e doídos desencontros,
De amargas e sofridas decepções.

Dispo-me do que ficou para trás,
De tudo o que me fez penar, chorar,
De tudo o que me fez sofrer demais
E quase desistir de continuar.

Coração desnudo, sem cicatrizes,
Visto-me de luz, de tempos felizes.
Vou cantar, soltar minha voz ao vento...

E abrir minh'alma, sem ressentimento;
Aos quatro cantos do mundo bradar,
Qu'estou leve, livre, pronta pra amar.


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sexta-feira, 16 de abril de 2010

Delírio de amor

Lys Carvalho



Pousar meus lábios nos teus,
à procura de tu’alma.
Sem pressa, buscar o paraíso!

Juntar meu corpo ao teu,
entregando-me aos teus desejos...
Esquecer o passado e velhos amores,
viver contigo novas emoções.

Vem! Te faças meu,
ouve o pulsar de nossos corações,
saciemos nossos lindos e infinitos desejos...
Quero-te, minha vida,
minh’alma a ti já entreguei!

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segunda-feira, 5 de abril de 2010

Divagações

Cavalcanti Barros




Eu creio que o poder maior da mente
excele a tudo o que se nos revela.
Que a força do pensar é simplesmente
um toque vibração gerado nela.

A mente é luz. Misteriosamente,
o comando do Soma nasce dela.
Até o amor e o ódio, plenamente,
em livre arbítrio, quem comanda é ela.

Indago, então divago e sou consciente
da magia sutil do inconsciente
que esculpe as formas deste meu pensar.

Eu vivo o Agora. Nada me é previsto.
Sou ser humano e o sendo, penso, existo.
Nasci o amor e é meu destino amar.

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segunda-feira, 29 de março de 2010

Anjo-criança

José Alberto Costa


Fomos pescar,
meu anjo da guarda e eu,
numa outonal tarde sem sol.
Aguardava o peixe
sem qualquer pressa,
ele brincava na areia,
então, descobri meu anjo-criança,
cabelos louros, esvoaçantes,
sem aquelas asas tradicionais.
Não era um anjo,
uma “anjinha” ainda criança,
para guardar a vida
de um irresponsável como eu.

Veio correndo,
sentou-se no meu colo,
ensinou-me os segredos da pesca.
Não pesca de peixes,
pesca de almas desgarradas
- sua tarefa ao meu lado.
Falou-me de Deus e dos homens,
ensinou-me a perdoar,
amar, respeitar, ser bom.
Partiu, deixando-me só
com os mistérios da vida
revolvendo minha cabeça
e um grande desejo
de mudança interior.

Copyright © 2010 by José Alberto Costa
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quinta-feira, 25 de março de 2010

Ansiosa espera

Arlene Miranda


Chove forte, e a espera é só tristeza.
Já arrumadas as taças e o vinho,
A pobre vela continua acesa,
Sobre a toalha de tão puro linho.


As rosas perfumadas sobre a mesa,
De alguém que espera com carinho.
No coração palpita a incerteza,
Escutando o vinil tocar baixinho.


Dois guardanapos com perfeitas dobras,
Solitários, na mesa a esperar,
Quais delicadas e bonitas obras.


No abandono, o choro vem baixinho,
E o pobre ser se põe a lamentar:
– É muito triste se jantar sozinho!


Copyright © 2010 by Arlene Miranda
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terça-feira, 23 de março de 2010

Se me deixares

Dydha Lyra




Não me deixes nunca, meu amor!
Sem ti, serei folha solta
ao sabor do vento outonal,
colorindo o chão desfolhado d’alma.
.
E o mar...
não será verde, nem azul,
apenas cinza, cinza...
Gaivotas tristes sobrevoarão sob a luz débil
do ocaso em que me encontro.
.
O que farei dos meus dias,
(sempre tão iguais),
se me deixares?
.
Por favor,
não me deixes nunca, meu amor!
.
Que direi aos meus olhos,
quando buscarem pouso
no vazio da esperança de voltares?
.
Minhas mãos, tão esquálidas e nervosas
no adeus, na despedida,
mostrarão que és tu,
minha amada,
minha querida,
a força de meus versos,
a razão de minha vida!

Copyright © 2010 by Dydha Lyra
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sexta-feira, 19 de março de 2010

Pequeno raio de luz

Valderez de Barros



Já no entardecer da minha existência,
Quando a luz do sol já vai se escondendo,
Quando a primavera e o verão já vão longe,
Quando o outono prenuncia o frio do inverno,
.
Eis que um pequeno raio de luz
Se insinua em meu ser,
Trazendo a poesia
Para o meu viver...
.
E eu volto a sentir o aconchego
De todas as estações Juntas,
Revigorando meu coração,
Enriquecendo meu espírito,
Fortalecendo minha alma;
.
Dando-me novas esperanças
De um caminho iluminado
Pela beleza que ela me faz ver
Em todo o esplendor da natureza...
.
Em todas as emoções que se derramam,
Que explodem, frementes, do meu peito,
Em forma de versos que dizem um pouco
Do que está preso dentro de mim.
.
Bendita poesia!
Bendita luz,
Que voltou a brilhar
No meu solitário caminhar!

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quinta-feira, 18 de março de 2010

Pensamento

Sandredy Marzo



Dentro de mim aquele pensamento
intruso, impróprio, dissimulado,
chegou atentando como um forte vento,
convidando ao caos o coração dilacerado.
.
Ah! Estranho e sórdido pensamento,
descompassando o coração muito ferido
fizeste das minhas horas desalento,
carregando de torpor os dias idos...
.
Desafeto e infame pensamento,
ao deparar-me contigo, estremeço.
Desfaleço em meus ais e sem lamento,
ao me entregar a ti, eu enlouqueço.
.
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segunda-feira, 1 de março de 2010

Finitude

José Alberto Costa




Qual velho moinho,
pás abertas ao vento,
meus pensamentos giram
ora velozes, ora tão lentos
que posso desembarcar deles
a qualquer momento,
como dos antigos bondes
da distante juventude.

.

Quando velozes,
entontecem-me,
turvam-me a visão,
perco-me no tempo,
caio num vazio sem luz,
sem referências,
caos,
finitude,
o nada...
.

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domingo, 28 de fevereiro de 2010

Hesitação

Dydha Lyra


Segura minhas mãos,

aquece-me,

preciso de ti.

.

Sinto frio...

Frio nos pés, nas mãos, na cabeça, n’alma.

Já não bastam tuas mãos em mim,

acolhe-me o espírito fatigado,

dá-me um lenitivo

para meu coração descompassado

e já intruso em mim,

nas vezes que não lhe solicito condolências.

.

Careço de silêncio,

de coisas fugidias,

movediças no pensamento abstrato,

simbologia matemática infinita...

Ora vacante,

debandado, fustigado,

perdido em mim...

Meus olhos lacrimejam sentimentos,

pela razão hesitante de tudo que fiz,
faço, construo, digo ou calo.

.

Vejo a televisão:

- um homem, gordo, careca,

apregoa Deus e dízimos;

a libertação do espírito

escorre por sua boca,

em direção aos bolsos dos incautos;

festival podre, perverso, desumano,

ilações nefastas e doentias.

.

Aqui, diante do computador,

vomito, pelos dedos, indignação.

Angustiam-me as horas, os dias,
os anos que hão de vir,

quando só me bastariam

a certeza de cada amanhecer,

a paz de um sorriso de criança

e a esperança no amanhã!


Copyright© by Dydha Lyra
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