"Inapelavelmente, há que se valorizar a palavra, na sua mais elementar forma, como na essência da perfeição do seu significado. Revigorá-la é um imperativo. Com o júbilo da coragem e do amor.
A palavra emerge. Viva. Desentranhada dos pensares de quem faz poesia. (Cavalcanti Barros)

"A poesia é a música da alma e, sobretudo, de almas grandes e sentimentais". (Voltaire)

"A poesia está mais próxima da verdade vital do que a história". (Platão)

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Hesitação

Dydha Lyra


Segura minhas mãos,

aquece-me,

preciso de ti.

.

Sinto frio...

Frio nos pés, nas mãos, na cabeça, n’alma.

Já não bastam tuas mãos em mim,

acolhe-me o espírito fatigado,

dá-me um lenitivo

para meu coração descompassado

e já intruso em mim,

nas vezes que não lhe solicito condolências.

.

Careço de silêncio,

de coisas fugidias,

movediças no pensamento abstrato,

simbologia matemática infinita...

Ora vacante,

debandado, fustigado,

perdido em mim...

Meus olhos lacrimejam sentimentos,

pela razão hesitante de tudo que fiz,
faço, construo, digo ou calo.

.

Vejo a televisão:

- um homem, gordo, careca,

apregoa Deus e dízimos;

a libertação do espírito

escorre por sua boca,

em direção aos bolsos dos incautos;

festival podre, perverso, desumano,

ilações nefastas e doentias.

.

Aqui, diante do computador,

vomito, pelos dedos, indignação.

Angustiam-me as horas, os dias,
os anos que hão de vir,

quando só me bastariam

a certeza de cada amanhecer,

a paz de um sorriso de criança

e a esperança no amanhã!


Copyright© by Dydha Lyra
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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A última canção

Arlene Miranda


Posterização de imagem by Lou Correia

Nesta mesa de bar muitos lamentos,

Foram cantados por um sonhador.

Ao som do violão, em bons momentos,

Procurou abafar a sua dor.


Pensou ali achar felicidade,

Entre tragos, mulheres, boemia.

Envolvido em um véu de falsidade,

Uma dama da noite o comprazia.


Com o coração vibrante, sempre ativo,

Viveu aquele ser por tantos anos,

Buscando toda noite o bar festivo.


No ritmo de seus versos de paixão.

No afã de sufocar os desenganos,

Cantou a sua última canção.


Copyright © 2010 by Arlene Miranda
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Saudoso Pierrot

Lys Carvalho


Dentre os amores de carnaval
todos se foram,
restou apenas o pierrot,
que no lamento da saudade,
ainda não disse adeus.

Copyright © 2010 by Lys Carvalho
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