"Inapelavelmente, há que se valorizar a palavra, na sua mais elementar forma, como na essência da perfeição do seu significado. Revigorá-la é um imperativo. Com o júbilo da coragem e do amor.
A palavra emerge. Viva. Desentranhada dos pensares de quem faz poesia. (Cavalcanti Barros)

"A poesia é a música da alma e, sobretudo, de almas grandes e sentimentais". (Voltaire)

"A poesia está mais próxima da verdade vital do que a história". (Platão)

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Lindos poetas

Tributo aos poetas do Movimento da Palavra

Quantos lindos poetas
que descongelam suas almas,
nas noites frias de inverno,
na beleza outonal, nas folhas caídas...

Lindos poetas
que falam dos perfumes da vida,
que se entregam nas lembranças,
desencontros nas esquinas da vida.

Lindos poetas
que deixam pegadas na areia
como marcas de uma partida, sem retorno.
Que em sinfonia inacabada,
impõem uma dança do amor.

Lindos poetas
que se encantam com as paixões virtuais;
que nas teclas frias viajam em emoções,
e na ânsia de olhares perdidos,
sentem palpitar o coração.

Lindos poetas,
que na paz de um íntimo definido,
encontram um abrigo.
Que no encontro do blues na madrugada,
inundam a alma com uma dança nostálgica a dois.
E numa vida reinventada colhem pedaços dispersos
das lembranças perdidas...

Lindos poetas,
que escondidos nas dores de amores,
pedem perdão com lágrimas sofridas.
E pelo tempo perdido de um amor,
na fome da esperança, um cálice da vida,
entregam a Jesus o sacrifício pela vida.

Lindos poetas
que gostam de falar de ansiedade,
de amor puro e singelo.
Gritam sempre afinados
por um amor verdadeiro.
Destemidos e alegres, parabenizam amigos;
imploram, em pedidos poéticos,
àqueles que esculpem a essência da vida,
natureza e todo um ser.

Lindos poetas,
que nos seus sonhos,
beijam bocas, olhos e atiçam desejos.
Falam da macieira, pondo no gesto a razão.
Em versos puros, acendem a fogueira
de aum ardente coração,
clamam por um amor, num gemido de saudade...

Lindos poetas que buscam,
no redemoinho de águas barrentas,
memórias que removem entulhos do ontem findo.
Que com suas mãos divinas percorrem, em sonhos,
uma imensidão de desejos.
Que com a lembrança das imagens,
procuram um espelho para sentir o outro.
Que gritam no silêncio, repugnando a imagem.

Lindos poetas,
que nas madrugadas frias,
sonham estar nos braços do amado,
desejando os prazeres do amor.
E a lua, sempre presente nos versos,
arrebata fortes emoções, palavras picantes,
lágrimas de fel e mel,
saudade de uma vida passada,
viagens adiadas e promessas não cumpridas.

Lindos poetas que mandam amores embora
dizendo não se importarem com a saudade...
No lirismo do brincar, mal-me-quer...bem-me-quer,
congelam as inspirações, como se possível fosse,
entre mantas e edredons.
Mas, a solidão deixa o gosto amargo...

Lindos poetas,
ao chegar das manhãs,
o sol torna a iluminar a vida
trazendo novas inspirações.
Um porto é sempre seguro,
quando as almas cansadas, carentes
buscam um abrigo,
aquele que acolhe as ilusões e,
sob a neve, apesar de paradoxal,
torna-se acolhedor.

E assim as águas correm sobre um rio canhoto;
com elas, correm as buliçosas memórias,
as doces mentiras, as deliciosas lembranças...

Lindos poetas, e agora?

A cálida voz soa alegre,
voa...e o coração escuta:
quantos amores existirão
nas almas libertas dos poetas?
Os sonhos, os desejos sempre
estarão na memória úmida...
Na noite alta,
concentram-se os pensamentos,
fantasias e desejos;
na quietude outonal, reflexão,
verdades desconhecidas.
E resta apenas a saudade,
ou a sombra de um grande amor perdido
ou a procura de um novo amor.

E, assim é, sempre...

Copyright © 2009 by Lys Carvalho
All rights reserved.


Metade de mim

Metade de mim

Quer desistir de amar...

A outra metade

Procura, incansavelmente,

Se apaixonar.

.

Metade de mim

Se desilude deste feito...

A outra metade

Quer abrigar

Um grande amor no peito.

.

Metade de mim

É dor, sofrimento...

A outra metade

É vontade, teimosia,

É vida, é alegria!

.

Metade de mim

É indiferença...

A outra metade,

Esperança.

.

Metade de mim

É o que sou...

A outra metade,

O que em mim se esconde.



Copyright © 2009 by Valderez de Barros
All rights reserved.

Solidão a dois

Vejo-o dormindo a meu lado

Pertinho de mim e tão longe.

Que mundos visita,

Quando dorme, o meu amado?

Tomo o café da manhã

Ele lê o jornal, avidamente,

A notícia, o trabalho, o afã.

Sorri e sai apressadamente.

É meu, o meu amado?

Mas nossa união resiste

Ao tempo, à rotina, a tudo.

Pelo menos, nos fins-de-semana

Posso mostrá-lo aos outros

E, nos bailes, não fico sentada.

Danço e em seu abraço

Esqueço a dor e o embaraço

De ser só, mesmo acompanhada.

Copyright © 2009 By Aydete Vianna
All rights reserved.