"Inapelavelmente, há que se valorizar a palavra, na sua mais elementar forma, como na essência da perfeição do seu significado. Revigorá-la é um imperativo. Com o júbilo da coragem e do amor.
A palavra emerge. Viva. Desentranhada dos pensares de quem faz poesia. (Cavalcanti Barros)

"A poesia é a música da alma e, sobretudo, de almas grandes e sentimentais". (Voltaire)

"A poesia está mais próxima da verdade vital do que a história". (Platão)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Visão de amor

Valderez de Barros


Busco em meu pensamento
A visão do teu rosto,
Que não conheço,
Porém, tento vislumbrar
Mesmo assim, com confiança,
Em meio a formas confusas.

Mas as imagens me fogem,
Deixando-me perdida,
Machucada, ferida,
Vagando pela madrugada
Silenciosa e fria
Da minha desesperança.


Copyright © jan2017 by Valderez de Barros
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sábado, 11 de fevereiro de 2017

Ordens do dia

Lou Correia

Palm Springs, FL/USA by Lou Correia

É ordem do dia
resgatar lembranças,
trazer de volta o amor
(dileto fantasma)
ao coração endurecido,
face às perdas.

O dia ordena
preencher ausências,
compor versos cheios de feitiço,
driblando sentimentos,
em louco rebuliço.

São ordens afinal,
plenas de sabedoria:
deletar a tristeza,
solidão e nostalgia,
das emoções que brotam
e fervem e queimam,
num ritmo de intensa agonia.

Ah, nem sei mesmo o que fazer,
mas não posso desconsiderar,
preciso, com urgência, de obedecer
às ordens imperiosas do dia!

Copyright © 2017 by Lou Correia
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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

O passarinho

Dydha Lyra

Aquarela by Dydha Lyra

Na minha janela de outono,
onde os dias se espreguiçam
e o olhar se perde no ontem,
ele pousou.
Sempre triste, não cantava,
andava cambaleando,
pois tinha uma asinha quebrada
e voara de muito longe até ali.

Sei muito pouco sobre ele até hoje,
além de uma tristeza constante,
nos olhos pequeninos e inquietos.
Perdera a rota e atordoado estava,
quando o acolhi em sua dor
(ele entendia tudo).

Todos os dias,
ele equilibrava o frágil corpo,
na tentativa de alçar voo... 
...e não desistia.

Ensinou-me, o pobre pássaro
com o seu gesto,
muito sobre perseverança 
e determinação de vencer.
Ensinou-me, sem querer,
com a tentativa do seu primeiro voo,
as escondidas e sem volta,
pra um horizonte desconhecido,
embora me evitasse vê-lo voar,
talvez pelo excesso de confiança 
que em si se restabelecera.

Era a hora de partida,
era a hora do adeus.
Foi embora meu passarinho...
E pra ele roguei
um novo horizonte. 
Que um novo canto de liberdade
vista sua alma!

Copyright © 2017 by Dydha Lyra
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