"Inapelavelmente, há que se valorizar a palavra, na sua mais elementar forma, como na essência da perfeição do seu significado. Revigorá-la é um imperativo. Com o júbilo da coragem e do amor.
A palavra emerge. Viva. Desentranhada dos pensares de quem faz poesia. (Cavalcanti Barros)

"A poesia é a música da alma e, sobretudo, de almas grandes e sentimentais". (Voltaire)

"A poesia está mais próxima da verdade vital do que a história". (Platão)

terça-feira, 29 de abril de 2014

Etéreo voo

Valderez de Barros


Voo como uma pequena borboleta
A sugar lindas flores, e, com beijos,
Procuro no seu néctar a perfeita,
Pura realização dos meus desejos...

Desejo de vestir minh'alma nua,
Desarraigada, frágil e sem sonhos...
De poesia à clara luz da lua,
Do brilho das estrelas, sol risonho. 

E nesse etéreo voo encantador,
Sinto a brisa gentil beijar meu rosto,
Acendendo, em meu peito, o coração... 

Um coração que tem sede de amor;
Que se anima, feliz, e toma gosto,
Esperando o seu dono, sua paixão.

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sábado, 26 de abril de 2014

Querer

Dydha Lyra


Quem sabe assim, 
o querer não nos sufoque,
nem cresça desordenado 
e se avolume em nós, 
(feito erva daninha)
e envenene o amor, 
percorrendo minhas artérias,
meu sangue, meu corpo 
(ora tão maltrapilho) 
vestido apenas de ausências.
Já não te sinto tomar-me a alma, 
com uma luz azul, 
incandescentemente calma,
preenchendo tudo que em nós anoitece.
E as estrelas... 
...ah, as estrelas, 
que antes guiavam nossa rota,
condescenderam aos anseios da solidão!
E o porto, 
outrora seguro,
submerge sorrateiramente, 
nas profundezas abissais 
da ilusão!


Copyright © 2014 by Dydha Lyra
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sexta-feira, 25 de abril de 2014

Seguindo o mote da velhice

Zealberto de Paulo Jacinto-Alagoas


Já faz tempo deixei de ser boêmio
hoje vou a festinha de criança
onde trato de encher a minha pança,
isso tudo pra mim é como um prêmio
digo a todos que sou um abstêmio,
que precisa um dia se curar
das doenças que teve de enfrentar
por viver uma eterna meninice...
Me hospedei no Castelo da velhice
Já que o tempo não quis me esperar.

Copyright © 2014 by José Alberto Costa
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quarta-feira, 23 de abril de 2014

Saudades de Portugal

Lys Carvalho


Hoje a saudade bateu forte.
São tantas as lembranças:
dos lugares por onde passei,
das ladeiras, entre casarios, em que andei,
dos fados que tanto me encantaram.


Saudade das pequenas ruelas,
de casarios com lindos azulejos,
das varandas e seus varais coloridos,
das luminárias que coloriam as ruas.



Saudade do cais da ribeira,
das adegas e suas videiras.
Do pôr-do-sol nas águas no rio Douro,
dos ricos artesanatos e dos xales,
com lindos bordados coloridos.



Ah, que saudade dos vinhos,
degustados ao som de fados!
Melodias que doem n’alma,
quando a guitarra chora,
nos lamentos das canções.



Ah, que saudade das belezas
que tanto vi por lá!
Do amor que lá deixei, 
dos beijos que dei,
dos abraços apertados
sempre tão sonhados!



Ah, quanta saudade!
Das tardes e da brisa do rio Douro,
das garças gorjeando ao amanhecer
e das revoadas no entardecer.



Das estradas por onde passei,
dos belos sombreiros que avistei.
Das cidades por onde andei,
das igrejas onde rezei,  
dos históricos mosteiros que visitei.


E o meu coração por lá ficou, 
mas, um dia voltarei.
Ah, Portugal lindo, 
com que tanto sonhei,
saudades… saudades...saudades!

Copyright © 2013 by Lys Carvalho
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quarta-feira, 9 de abril de 2014

O Mar

Cavalcanti Barros


Não permitas
a tua amada
oferendar
desejos ao mar.
Eles não voltam
verde-vestidos,
se não, o que seria do mar?

Não deixes
teu poeta
fecundar o mar.
Seu corpo volta,
mas a alma fica
a cortejar o mar.
Se não, o que seria do mar?

As almas dos poetas,
como as dos pescadores,
vestem
verde-esperança.
Há blocos 
de almas verdes
no alto-mar.
Vagando, vagando
sem sul e sem norte,
sem ser, sem não-ser,
no conter do mar.
Se não, o que seria do mar?


Copyright © 1988 by Cavalcanti Barros
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segunda-feira, 7 de abril de 2014

Se Não Tivesse Sido Agora

Adriana Moraes


Se não tivesse sido agora, faria ter sido antes
É que todo homem diante do amor treme
Eu não, eu sou diferente, sou mulher!
Fraca, fresca, fria, fútil...nada disso,
Forte, fogosa... Faminta!
Mulheres até choram, mas nunca tremem...


Homens... Ah, esses sim!
Todo homem chora diante da morte.
Valorosos, viris, vistosos, vorazes...não!
Vis, vãos, vacilantes...
Se tivesse sido antes...não estaria pronta.
Toda mulher diante do parto é mãe.
Generosa, geradora, genitora ...gente.
Todo homem diante do parto é menino...
Sêmen, semente, sedutor...sexo.
Se não estivesse pronta... não teria sido agora.
Porque toda morte diante da mulher treme,
Porque todo amor diante do homem chora!



Copyright © 2012 by Adriana Moraes
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