Segura minhas mãos,
aquece-me,
preciso de ti.
.
Sinto frio...
Frio nos pés, nas mãos, na cabeça, n’alma.
Já não bastam tuas mãos em mim,
acolhe-me o espírito fatigado,
dá-me um lenitivo
para meu coração descompassado
e já intruso em mim,
nas vezes que não lhe solicito condolências.
.
Careço de silêncio,
de coisas fugidias,
movediças no pensamento abstrato,
simbologia matemática infinita...
Ora vacante,
debandado, fustigado,
perdido em mim...
Meus olhos lacrimejam sentimentos,
pela razão hesitante de tudo que fiz,
faço, construo, digo ou calo.
.
Vejo a televisão:
- um homem, gordo, careca,
apregoa Deus e dízimos;
a libertação do espírito
escorre por sua boca,
em direção aos bolsos dos incautos;
festival podre, perverso, desumano,
ilações nefastas e doentias.
.
Aqui, diante do computador,
vomito, pelos dedos, indignação.
Angustiam-me as horas, os dias,
os anos que hão de vir,
quando só me bastariam
a certeza de cada amanhecer,
a paz de um sorriso de criança
e a esperança no amanhã!
Copyright© by Dydha Lyra
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