"Inapelavelmente, há que se valorizar a palavra, na sua mais elementar forma, como na essência da perfeição do seu significado. Revigorá-la é um imperativo. Com o júbilo da coragem e do amor.
A palavra emerge. Viva. Desentranhada dos pensares de quem faz poesia. (Cavalcanti Barros)

"A poesia é a música da alma e, sobretudo, de almas grandes e sentimentais". (Voltaire)

"A poesia está mais próxima da verdade vital do que a história". (Platão)

domingo, 30 de maio de 2010

Soneto "Flor de Laranjeira"

Cavalcanti Barros



Num álbum de sonetos vi pedaços,
pedaços bem diversos de outras vidas.
Vi almas suspirando doloridas,
e de amarguras vi profundos traços.

Em cada página encontrei, esparsos,
doridos corações, almas doridas,
amor, paixão, saudades incontidas,
anseios, beijos, dor, sonhos e abraços.

E nessa singular promiscuidade,
senti, silente, a dor duma saudade.
Outras dores iguais também senti,

Como se fosse um espelho desta vida,
eu vi minh'alma, inteira, refletida
naqueles versos que em suspiros li.

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segunda-feira, 24 de maio de 2010

Deixa que eu te ame!

Valderez de Barros






Deixa-me te amar
Do jeito que eu quiser...!
Deixa-me dizer da minha ventura,
Do bem que me fazes, do meu querer...!

Deixa-me derramar sobre ti
Toda a minha paixão,
Todo esse fogo que arde
E incendeia meu coração...!

Deixa-me sussurrar ao teu ouvido,
Todas as loucas palavras de amor
Que saem, ardentes, da minha boca,
Roçando tua pele com volúpia e langor...!

Deixa-me abraçar teu corpo,
Com o meu amor te seduzir,
Te tomar inteiro e penetrar tu'alma,
Nessa ânsia louca que tenho de ti...!

Ah, Deixa que eu te ame...!

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segunda-feira, 17 de maio de 2010

Nossa caminhada

Arlene Miranda





Ambos, já bem velhinhos, com passos lentos,
Sempre fiéis ao nosso juramento,
Dois corações cheios de amor, sedentos,
De ternura, de paz e encantamento.

Embora o desejo esteja escasso,
Inda vemos a nuvem que flutua,
No aconchego suave dos teus braços,
Relembro a linda noite em que fui tua.

Assim, unidos por amor supremo,
Que o destino inquebrantável trouxe,
Por distantes caminhos seguiremos,

Vencendo agruras, removendo espinhos,
Como se o estorvo desta vida fosse
O mais risonho de todos os caminhos.

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sábado, 15 de maio de 2010

Ode à luz

José Alberto Costa



Amanhecer na Polinésia Francesa

O mar
vestiu-se do azul
do céu
para ver o sol
nascer,
com seus fulgurantes
raios de dourada luz.

O dia
se fez mais belo:
pôs azul nas vestes,
dourado nos cabelos
e sorriu feliz,
naquela profusão de cores
da manhã radiosa,
só para te ver
despertar.

Copyright © 2010 by José Alberto Costa
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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Lição

Dydha Lyra





Atmosfera de éter,
um quarto em penumbra.
Imagens fantasmagóricas se esboçam,
na mente e na parede;
e ofegantes, irônicas,
por um instante, riem de mim...

E se fantasiam de glicemia, febre,
pressão arterial, arritmia...
invandindo-me os minutos, horas e dias,
como se não me bastasse viver,
ou sonhar com o amanhã...

Levanto-me e espio pelas frestas da janela:
à luz dos meus olhos
uma árvore velha, moribunda,
que como eu, também, insiste em viver.

Seus galhos, semissecos, semivivos,
me ensinam uma grande lição:
dobram-se, quando uma ave pesada pousa
e descansa, aleatoriamente, sobre si,
alçando voo, logo ao alvorecer ...

E o galhinho fraco,
(que não se deixou abater),
volta à sua postura natural.

Entendi, afinal,
que essa dor,
que ora me invade e maltrata,
também logo passará,
tal o passarinho que voou...

E a vida,
qual galho débil,
renovar-se-á,
trazendo-me, com a esperança,
a certeza de novos amanhãs!

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segunda-feira, 3 de maio de 2010

Teu beijo

Sandredy Marzo





Teu beijo me entorpece,
me embriaga, me entontece.
Inebria e acorda
meus desejos, fantasias.

Teu beijo me acena
para um mundo colorido
de pipas singrando os céus,
de pássaros voltando ao ninho.

Teu beijo me traz o frescor
das belezas da manhã e do entardecer.
Me traz fervor, me traz vontade
de em teus braços me perder.

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sábado, 1 de maio de 2010

Busca

José Alberto Costa




Da singeleza
da tosca janela,
meu olhar felino
se perde na amplidão
do verde-mar sem fim,
procurando à-toa
mítica imagem
de sereia nórdica,
que povoa sonhos...

Alongo olhares,
mas na tarde finda,
só encontro o brilho
da lua nascente
rasgando o horizonte,
querendo partilhar
dessa busca insana,
um farol alumiando
nautas perdidos
na escuridão da noite.
Não vou cansar,
nem desistir
dessa procura infinita...

Copyright 2010 © by José Alberto Costa
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