"Inapelavelmente, há que se valorizar a palavra, na sua mais elementar forma, como na essência da perfeição do seu significado. Revigorá-la é um imperativo. Com o júbilo da coragem e do amor.
A palavra emerge. Viva. Desentranhada dos pensares de quem faz poesia. (Cavalcanti Barros)

"A poesia é a música da alma e, sobretudo, de almas grandes e sentimentais". (Voltaire)

"A poesia está mais próxima da verdade vital do que a história". (Platão)

domingo, 14 de outubro de 2012

De mim e das coisas

Dydha Lyra


Essa solidão, das coisas e de mim,
me angustia.
Desde a falta das cordas para o violão,
ao papel amarelado sem palavras,
à compoteira sobre a mesa posta,
inusitada.
Ah, as ruas solitárias e suas sombras,
os portos à espera de navios,
as almofadas sem desenhos
e os bilros sem a rendeira!

Ah, sei lá!
Todas essas coisas,
essas besteiras
que povoam a vida,
que incendeiam o estático momento,
que norteiam o viver,
nas ações/reações.

São, assim,
sobremaneira:
o espaço tênue entre a luz e a sombra,
o vazio entre o copo e a bebida,
a proximidade entre a morte e a vida.

O odor,
a cor da rosa,
a pálida margarida.
Mãos postas sem oração,
o exílio dos loucos na solidão,
os laços que apertam o coração,
as saudades das pessoas queridas,
o corte, as partes divididas,
a inesperada rachadura na parede.

A busca, o encontro.
A dolorosa despedida,
que amordaça e cala
meu grito,
silenciando em mim
a própria vida!


Copyright © 2012 by Dydha Lyra
All rights reserved.
Mceió/12 outubro.

Um comentário:

Lys disse...

O que é isso Dyda Lyra?Essa eu viajei,sonhei e arrepiei.QUE MOMENTO POÉTICO!Lendo e imaginando você declamando.Essa ganhou o troféu do ano.Linda e profunda demais!Parabéns!