"Inapelavelmente, há que se valorizar a palavra, na sua mais elementar forma, como na essência da perfeição do seu significado. Revigorá-la é um imperativo. Com o júbilo da coragem e do amor.
A palavra emerge. Viva. Desentranhada dos pensares de quem faz poesia. (Cavalcanti Barros)

"A poesia é a música da alma e, sobretudo, de almas grandes e sentimentais". (Voltaire)

"A poesia está mais próxima da verdade vital do que a história". (Platão)

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Romântico violão

Valderez de Barros



Toca, violão, suavemente,
Teus acordes românticos penetrando
As cordas do meu cansado coração,
Já tão gastas pelo tempo.
Dedilha as notas mágicas daquela melodia
Que um dia cantei pra ele,
A chorar de tanta emoção...!

Toca violão...! Leva-me a sonhar,
Na sonoridade mágica da música,
Com aquele amanhecer de amor,
Quando, em movimentos e gemidos,
Acompanhávamos o teu ritmo,
Inebriados de paixão e calor...!
Copyright © jun2014 by Valderez de Barros
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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Sem porquês

Lys Carvalho


Sem porquês,
me envolvo nos teus braços,
para sentir o calor do teu amor.
Sem porquês, sou tua, por inteiro,
nos momentos felizes que amamos.
Sem porquês, sinto teus carinhos,
como uma brisa suave
tocando minha face.
Sem porquês,
meus olhos brilham,
quando encontram os teus.
E ao ouvir tua voz serena sussurrar,
meu corpo se arrepia de desejos.
Sem porquês, a tua distância
me faz sentir mais perto de ti.
Sem porquês, o meu amor é teu.
E é meu o teu amor!
 

Copyright © 2013 by Lys Carvalho
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quinta-feira, 1 de maio de 2014

Noturno

Lou Correia


Pássaros de solidão agigantam-se,
sobrevoam a janela outonal,
aberta para a noite chuvosa,
querem servir de tema.

Grandes pássaros estranhos,
pintados de aquarela cinza,
não me rondem enfadonhos,
não os permitirei entrar,
não fazem parte do meu poema.

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terça-feira, 29 de abril de 2014

Etéreo voo

Valderez de Barros


Voo como uma pequena borboleta
A sugar lindas flores, e, com beijos,
Procuro no seu néctar a perfeita,
Pura realização dos meus desejos...

Desejo de vestir minh'alma nua,
Desarraigada, frágil e sem sonhos...
De poesia à clara luz da lua,
Do brilho das estrelas, sol risonho. 

E nesse etéreo voo encantador,
Sinto a brisa gentil beijar meu rosto,
Acendendo, em meu peito, o coração... 

Um coração que tem sede de amor;
Que se anima, feliz, e toma gosto,
Esperando o seu dono, sua paixão.

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sábado, 26 de abril de 2014

Querer

Dydha Lyra


Quem sabe assim, 
o querer não nos sufoque,
nem cresça desordenado 
e se avolume em nós, 
(feito erva daninha)
e envenene o amor, 
percorrendo minhas artérias,
meu sangue, meu corpo 
(ora tão maltrapilho) 
vestido apenas de ausências.
Já não te sinto tomar-me a alma, 
com uma luz azul, 
incandescentemente calma,
preenchendo tudo que em nós anoitece.
E as estrelas... 
...ah, as estrelas, 
que antes guiavam nossa rota,
condescenderam aos anseios da solidão!
E o porto, 
outrora seguro,
submerge sorrateiramente, 
nas profundezas abissais 
da ilusão!


Copyright © 2014 by Dydha Lyra
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sexta-feira, 25 de abril de 2014

Seguindo o mote da velhice

Zealberto de Paulo Jacinto-Alagoas


Já faz tempo deixei de ser boêmio
hoje vou a festinha de criança
onde trato de encher a minha pança,
isso tudo pra mim é como um prêmio
digo a todos que sou um abstêmio,
que precisa um dia se curar
das doenças que teve de enfrentar
por viver uma eterna meninice...
Me hospedei no Castelo da velhice
Já que o tempo não quis me esperar.

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quarta-feira, 23 de abril de 2014

Saudades de Portugal

Lys Carvalho


Hoje a saudade bateu forte.
São tantas as lembranças:
dos lugares por onde passei,
das ladeiras, entre casarios, em que andei,
dos fados que tanto me encantaram.


Saudade das pequenas ruelas,
de casarios com lindos azulejos,
das varandas e seus varais coloridos,
das luminárias que coloriam as ruas.



Saudade do cais da ribeira,
das adegas e suas videiras.
Do pôr-do-sol nas águas no rio Douro,
dos ricos artesanatos e dos xales,
com lindos bordados coloridos.



Ah, que saudade dos vinhos,
degustados ao som de fados!
Melodias que doem n’alma,
quando a guitarra chora,
nos lamentos das canções.



Ah, que saudade das belezas
que tanto vi por lá!
Do amor que lá deixei, 
dos beijos que dei,
dos abraços apertados
sempre tão sonhados!



Ah, quanta saudade!
Das tardes e da brisa do rio Douro,
das garças gorjeando ao amanhecer
e das revoadas no entardecer.



Das estradas por onde passei,
dos belos sombreiros que avistei.
Das cidades por onde andei,
das igrejas onde rezei,  
dos históricos mosteiros que visitei.


E o meu coração por lá ficou, 
mas, um dia voltarei.
Ah, Portugal lindo, 
com que tanto sonhei,
saudades… saudades...saudades!

Copyright © 2013 by Lys Carvalho
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quarta-feira, 9 de abril de 2014

O Mar

Cavalcanti Barros


Não permitas
a tua amada
oferendar
desejos ao mar.
Eles não voltam
verde-vestidos,
se não, o que seria do mar?

Não deixes
teu poeta
fecundar o mar.
Seu corpo volta,
mas a alma fica
a cortejar o mar.
Se não, o que seria do mar?

As almas dos poetas,
como as dos pescadores,
vestem
verde-esperança.
Há blocos 
de almas verdes
no alto-mar.
Vagando, vagando
sem sul e sem norte,
sem ser, sem não-ser,
no conter do mar.
Se não, o que seria do mar?


Copyright © 1988 by Cavalcanti Barros
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segunda-feira, 7 de abril de 2014

Se Não Tivesse Sido Agora

Adriana Moraes


Se não tivesse sido agora, faria ter sido antes
É que todo homem diante do amor treme
Eu não, eu sou diferente, sou mulher!
Fraca, fresca, fria, fútil...nada disso,
Forte, fogosa... Faminta!
Mulheres até choram, mas nunca tremem...


Homens... Ah, esses sim!
Todo homem chora diante da morte.
Valorosos, viris, vistosos, vorazes...não!
Vis, vãos, vacilantes...
Se tivesse sido antes...não estaria pronta.
Toda mulher diante do parto é mãe.
Generosa, geradora, genitora ...gente.
Todo homem diante do parto é menino...
Sêmen, semente, sedutor...sexo.
Se não estivesse pronta... não teria sido agora.
Porque toda morte diante da mulher treme,
Porque todo amor diante do homem chora!



Copyright © 2012 by Adriana Moraes
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terça-feira, 25 de março de 2014

Bonito

Elizete Sartori


Bonito
é ver sua delicadeza
beijar minh’alma,
se em mim
anoitece.

Bonito
é ouvir, em minhas mãos,
a música das suas e 
adormecer.

Bonito
é  guardar seus abraços,
pra quando a noite chegar,
sentir na pele
o seu cheiro.

Bonito
é querer ficar
presa ao seu amanhecer,
pra nunca mais me perder!

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quinta-feira, 13 de março de 2014

Meus olhos

Dydha Lyra



Velho espelho do banheiro azul,
olhos de maturidade e medo,
agora licenciam (sem segredos)
ilusões pousadas sobre mim.
Pesa, sobremaneira, o olhar
pro mundo caótico interior,
e quedam-se as lembranças
a perguntarem: por onde andei,
o que fiz, onde estou, por que sou,
se grito,
no silêncio da ofegante oração rouca,
rogando à minha consciência
um equilíbrio esmerado de reflexão.
Oh, árido chão estéril,
a quem chamamos,
inutilmente, vida,
grita minh’alma angustiada,
por ruas, esquinas, becos, avenidas,
perdida num trânsito repleto de dor
e despedida!


Copyright © 2013 by Dydha Lyra
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sexta-feira, 7 de março de 2014

Não sei

Lys Carvalho



Não sei se é saudade.
Não sei se é amor.
Não sei se é paixão.
Sei que, 
diante de tua ausência,
meu peito fica vazio,
meu coração bate fraco,
minhas pernas enfraquecem,
meus olhos adormecem,
para que eu não veja o tempo passar.
Nesse vazio, a solidão arrebata 
minha alma, traz lembranças vivas 
da minha memória de ontem.



Copyright © 2013 by Lys Carvalho

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quinta-feira, 6 de março de 2014

Meu amanhã

Valderez de Barros


Na noite fria
Do inverno de minh'alma,
Procuro a verdade do meu amanhã...
Um amanhã que às vezes me agita,
Me enche de ansiedade,
De energia para seguir adiante...

Mas, vez em quando,
Esse duvidoso amanhã me diz
Que vivo uma esperança vã,
Que ele não virá mais para mim...

E me vejo num hoje
Sem sonhos,
Sem cor...
Sem ti.


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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Lamento do vaqueiro triste

José Alberto Costa

 Missa do Vaqueiro - Fotografia de Alcir Lacerda 




Fui vaqueiro vinte anos
Cambitei cana no engenho
Dinheiro hoje não tenho
Só carrego desenganos.
A saúde sofreu danos
Nesse trabalho puxado
Nunca fui aposentado
E hoje quem me consola...
São as cordas da viola
Num terreiro enluarado.


Copyright © 2014 by José Alberto Costa
(Zealberto de Paulo Jacintho)
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